Eu não visitei Asakusa (um distrito de Tóquio) e sempre lamentei esse fato. Tive apenas um dia para passear na cidade e decidi gastá-lo indo até outro bairro famoso no universo literário japonês, Ueno. Fui até lá na parte da tarde, queria conhecer o zoológico mais antigo do Japão e ver o panda que é uma de suas grandes atrações, mas o zoo estava fechado. Ele fica no meio de um parque e, ao seu redor, há vários museus, inclusive o Museu Nacional de Tóquio, não perdi tempo, passei a tarde vendo os quadros de uma exposição de pintores flamengos em um pequeno museu na frente da estação e depois atravessei a rua e fui ver os artefatos egipícios que estavam em exposição no Museu Nacional naquela época. Andei, andei, peguei o trem e voltei para o hotel e, no dia seguinte, dirigi-me novamente para Ueno de manhã cedo. Estava decidida a ver o panda. E vi. E era algo melancólico vê-lo através do vidro espesso comendo bambu sentado sobre o chão revestido de piso cerâmico.
Dei uma volta pelo zoo, tomei uma fanta verde fluorescente de sabor melão (de que não gostei), saí do zoológico, desci uma rua ao lado da estação e encontrei um sebo onde comprei um livro de gravuras em francês para presentear O. e um livro com fotos do acervo do Museu Nacional, voltei para o hotel e dei adeus a Tóquio.
Lamento não ter ido até Asakusa, ao menos para ver a grande lanterna do Kaminarimon. Depois de ler o livro de Kawabata, lamentei ainda mais não ter ido lá conferir como é o bairro nos dias de hoje. No período retratado por ele, os anos trinta, Asakusa é o bairro das prostitutas, dos vagabundos, malandros e mendigos. Era o inferninho de Tóquio, um lugar a ser evitado pelas pessoas de boa reputação, hoje as coisas mudaram muito e Asakusa tornou-se uma das atrações turísticas mais tradicionais da cidade.
Este livro de Kawabata não é um romance, mas uma coleção de notas e quadros que caracterizam Asakusa no período. Não é um de meus preferidos (que são O país das Neves e O som da montanha), mas vale por nos fazer saborear um pouco da história do Japão, e há algumas imagens bonitas, como só Kawabata sabe escrever:
"Uma luz rosa refletia-se sobre o asfalto que brilhava como uma chapa de chumbo. Pontos vermelhos dispersos aqui e ali flutuavam ao acaso sobre a cidade. Ouvia-se o eco do bonde. Eram cinco horas da manhã. À luz irisada do sol, a urina da véspera desenhava longas faixas paralelas no asfalto. "
(Eu sei, urina na rua não é algo poético, mas tiro o meu chapéu para quem consegue usar essa imagem como o Kawabata.)
Dei uma volta pelo zoo, tomei uma fanta verde fluorescente de sabor melão (de que não gostei), saí do zoológico, desci uma rua ao lado da estação e encontrei um sebo onde comprei um livro de gravuras em francês para presentear O. e um livro com fotos do acervo do Museu Nacional, voltei para o hotel e dei adeus a Tóquio.
Lamento não ter ido até Asakusa, ao menos para ver a grande lanterna do Kaminarimon. Depois de ler o livro de Kawabata, lamentei ainda mais não ter ido lá conferir como é o bairro nos dias de hoje. No período retratado por ele, os anos trinta, Asakusa é o bairro das prostitutas, dos vagabundos, malandros e mendigos. Era o inferninho de Tóquio, um lugar a ser evitado pelas pessoas de boa reputação, hoje as coisas mudaram muito e Asakusa tornou-se uma das atrações turísticas mais tradicionais da cidade.
Este livro de Kawabata não é um romance, mas uma coleção de notas e quadros que caracterizam Asakusa no período. Não é um de meus preferidos (que são O país das Neves e O som da montanha), mas vale por nos fazer saborear um pouco da história do Japão, e há algumas imagens bonitas, como só Kawabata sabe escrever:
"Uma luz rosa refletia-se sobre o asfalto que brilhava como uma chapa de chumbo. Pontos vermelhos dispersos aqui e ali flutuavam ao acaso sobre a cidade. Ouvia-se o eco do bonde. Eram cinco horas da manhã. À luz irisada do sol, a urina da véspera desenhava longas faixas paralelas no asfalto. "
(Eu sei, urina na rua não é algo poético, mas tiro o meu chapéu para quem consegue usar essa imagem como o Kawabata.)
5 comentários:
karen - parafraseando a akemi - que delícia ler sobre suas memórias no japão!
e q maravilha kawabata, tão poético mesmo... o país das neves é um livro que quero muito ler! aliás, preciso me iniciar em kawabata!
beijinhos e ótima semana,
miki
Morro de saudades do Japão! Preciso voltar para lá!
Kawabata é um grande escritor, recomendo!
Beijos! Ótima semana para você também!
queria ir com você ^^!
hehehehe.
beijinhos, miki
Miki, seria ótimo! Quem sabe algum dia? Impossível não é! rs
Você iria adorar Tóquio!
Beijos!
pois é, karen! tenho essa impressão tb!
quem sabe? vamos torcer ^^!
hehehehehe. beijinhos
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