segunda-feira, junho 23, 2008

Mais Turguenev

Li mais duas histórias escritas por Ivan Turguenev, dois romances que mais parecem contos, pois Turguenev é bem econômico se comparado com alguns de seus conterrâneos como Dostoievski e Tolstoy, mas claro que isso não serve de critério para avaliar a qualidade de uma obra.
Li Diário de um homem supérfluo e Primeiro amor. O primeiro é um tipo de diário escrito por um homem em seu leito de morte. Ele conta sua paixão não correspondida por uma garota e as situações patéticas na qual se coloca devido ao seu ciúme. Na segunta obra, o autor narra um episódio real de sua juventude de forma romanceada. É a história de um garoto de dezesseis anos que se apaixona por uma garota cinco anos mais velha que, posteriormente, ele descobre ser a amante de seu pai.
Por alguma razão, as duas hitórias, respeitadas as devidas proporções, lembraram-me de dois romances curtos de Dostoievski que li no começo do ano. O Diário lembrou-me de Subsolo, a história de um homem que também não possui nenhum tato nas relações sociais e age por impulso, o que o coloca em situações no mínimo constrangedoras; Primeiro amor, por sua vez, lembrou-me de Noites Insones, uma história muito bonita também de um amor não correspondido, ambos os romances têm um sabor agridoce.

Do Diário de um homem supérfluo:

"Meu Deus! É possível que vinte anos tenham se passado? Alguém diria que está tão longe o tempo em que , montado sobre meu alazão de pêlos longos, eu percorria a velha cerca de nosso jardim onde, em pé sobre os estribos, colhia as flores bicolores dos álamos? No instante em que vive, o homem não possui o sentimento de sua própria vida, como o som, ela só se torna perceptível depois de um certo intervalo de tempo."


sábado, junho 14, 2008

kafka à beira-mar


murakami... o que dizer sobre esse escritor que já não tenha sido dito aqui neste blog (rs)?

kafka à beira-mar é mais um livro desses que te laçam, te abduzem, lançam seus encantos e te enfeitiçam e te devoram. ao todo, acho que demorei cerca de 7 dias para lê-lo todo. isso porque eu estava tão lotada de coisas a fazer que, forçadamente, tinha de fechá-lo e me conformar em continuar "depois".

agora entendo completamente por que é que a karen batizou seu blog de "kafka na praia".

kafka tamura, "o menino de 15 anos mais valente do mundo" já havia planejado, há tempos, a fuga de casa. um menino aparentemente comum, mas, a quem olhar bem de perto, bastante peculiar com suas fraquezas, desejos, questionamentos, conhecimentos, força-de-vontade... ele parte sem olhar pra trás, sem saber ao certo para onde ir, mas, paradoxalmente, com a certeza de que era para aquele exato lugar que ele tinha de ir.

nakata, um velhote que parece simplório, é muito simpático e logo cativa o coração do leitor com sua singeleza. exposto a um estranho fenômeno quando era criança, perdeu a capacidade de fazer coisas comuns à maioria das pessoas como ler e escrever, mas, em compensação, ganhou estranhos poderes que ninguém mais é capaz de ter.

murakami vai contando a história dessas duas personagens - tão díspares quanto possível - alternadamente: os capítulos pares são dedicados a nakata e contados em 3a pessoa e os ímpares pertencem a kafka e são contados em 1a pessoa. isso, por vezes, chega a dar uma certa exasperação pois quando a coisa parece que está prestes a ser revelada é o fim do capítulo! damm it! juro que fiquei com vontade de ler todos os capítulos pares primeiro e depois ler os ímpares ^.^! porém, lá na parte final, é claro que os destinos deles vão se encontrar. (o engraçado é que, depois, conversando com a karen, ela mencionou que a versão em japonês é composta de dois tomos: um para o nakata e o outro para o kafka =)! acho que eu ia preferir!

murakami é de fazer você perder o fôlego! por vezes fico pensando de onde é que esses japoneses tiram essas idéias amalucadas para suas histórias! é só você ler qualquer mangá ou assistir a um animê ou ler um livro do murakami para se espantar com a imaginação do sujeito. amazing!!! quero ir passear nesse lugar onde eles passeiam para criarem esses mundos maravilhosamente fisgantes hihihihi.

o que eu especialmente adoro em murakami é o jeito com que ele constrói o que ele quer contar. é tão cheio de nuances e suavidades e cores. tenho vontade de ler e reler e reler infinitamente. li o livro de uma enfiada só, ansiando por saber dos fatos e agora tenho vontade de reler com mais vagar, saboreando essas passagens especiais. livros como kafka e a sputinik ficam sempre cheios de post-its amarelinhos risonhos a marcar os trechos especiais para que eu possa sempre lê-los novamente. e cada leitura é um momento de deleite, às vezes a única sensação refrescante numa árida tarde de trabalho difícil de ser parido!

escolhi dois trechos para compartilhar aqui:


"torno a olhar o seu busto. a área, arredondada e saliente, se projeta e se retrai lentamente, como ondas em movimento. imagino uma vasta extensão de mar varrida por uma garoa fina. sou um navegante solitário em pé no convés, e ela é o mar. o céu se reveste de uniforme tonalidade cinza e lá, bem adiante, se junta com o mar, que também está cinzento. é muito difícil distinguir céu de mar. ou o próprio navegante do mar. as coisas reais das coisas emocionais."

"o que eu busco, isto é, a força que eu busco, não se relaciona com vitórias ou derrotas. tampouco procuro paredes capazes de rechaçar forças externas. o que eu busco é a força que me permita suportar com serenidade a injustiça, a falta de sorte, a tristeza, o mal-entendido e a incompreensão."

agradeço especialmente à pri e ao cris que me fizeram presente desse tesouro!

e, à querida karen, gostaria de presentear com um desenho que fiz que - embora não fosse a intenção original - não consigo deixar de pensar que é a minha versão para a pintura "kafka à beira-mar" citada no livro!


SERVIÇO
título Kafka à beira-mar
autor Haruki Murakami
editora Alfaguara
páginas 571 páginas
título original Umibe no Kafuka
tradução de Leiko Gotoda
preço médio R$ 54,90

domingo, junho 08, 2008

Pais e filhos - Ivan Turneguev

A primeira vez que ouvi falar do livro Pais e filhos de Turguenev foi no primeiro ou segundo ano da faculdade da boca de um colega de turma que gostava dos existencialistas alemães. Lembro que ele me disse que aquele era o primeiro romance no qual a palavra "nihilismo" era mencionada. Os anos se passaram e só voltei a pensar em Turguenev depois de ler The Moveable Feast, do Hemingway. Fiquei curiosa. Lembrei daquele colega de faculdade e li a tradução francesa do romance que encontrei em casa.
Como os russos escrevem bem, não é mesmo? Eles sabem descrever as relações humanas com muita perspicácia. O livro é sobre a amizade de dois jovens amigos, Bazarov e Arcade. O primeiro diz ser um nihilista, alguém que não acredita em valores e não respeita qualquer autoridade, Arcade o admira e pretende ser seu discípulo, mas ele é muito diferente de Bazarov e não consegue reprimir sua natureza sensível. Uma ruptura com o seu "mentor" é inevitável.
O conflito se estabelece quando Arcade retorna à propriedade de sua família após terminar os estudos e reecontra seu pai. As novas "idéias" do filho decepcionam-no, além disso, influenciado por Bazarov, Arcade dá a entender que a geração paterna está ultrapassada. A relação de Arcade e Bazarov com seus pais é retratada de forma tocante. Os genitores amam seus rebentos apesar de não os compreenderem e os dois jovens, por sua vez, não deixam de sentir afeição por seus pais apesar de chamarem-nos de "românticos".

No final do século XIX, o livro provocou diversas controvérsias e Turguenev foi criticado devido às idéias de Bazarov, hoje, quem liga? Em nossa sociedade, quem se importa se alguém disser que não acredita em nada? Que todas as formas de ideal são vazias?

segunda-feira, junho 02, 2008

The sun also rises - Ernest Hemingway

O sol também se levanta, outro livro de Ernest Hemingway. Boa história, mas gostei mais das memórias de Paris. Deve ser porque eram de Paris, cidade que ainda vou conhecer. Ah, se vou!
Entretanto, a história começa em Paris onde Jake Barnes encontra seus amigos intelectuais da “geração perdida” em cafés e restaurantes. Ela é sobre boêmios que bebem álcool sob várias formas e nomes, vivem duros e quando têm algum dinheiro gastam-no com estilo.
Jake e seus conhecidos saem da França e vão até a Espanha pescar trutas nas montanhas e depois passam alguns dias em Pamplona para assistir à temporada de touradas. No grupo, há quatro homens e uma mulher, Brett, pela qual três deles são apaixonados. Ela é o elemento perturbador da paz geral e termina nos braços de um toureiro quinze anos mais moço.

Desculpem a simplificação. Acho que não gostei muito do livro. Vou ler Turgenev que Hemingway recomenda que todos leiam.