segunda-feira, maio 26, 2008

Die Verwandlung - Franz Kafka

Quem conhece meu outro blog sabe que ele não foi nomeado em homenagem ao escritor Franz Kafka, mas inspirado no título de um romance do escritor japonês Haruki Murakami.
Talvez decepcione algumas pessoas, mas tenho que confessar que Franz Kafka nunca foi um de meus escritores favoritos, li O Processo e achei aquela história angustiante e opressiva. Nunca fui além de algumas páginas de O Castelo e devo ter lido a Carta ao pai algum dia, mas não me lembro de nenhuma frase.
Die Verwandlung, ou A metamorfose, foi uma agradável surpresa. Resolvi ler a versão bilíngue, alemã-italiana, de O. e gostei bastante da história. Se há algo que admiro em Kafka é a simplicidade e objetividade de sua escrita, características que tornam as situações que ele narra ainda mais bizarras.
Ao contrário do que imaginava, Gregor Samsa, o personagem principal de A metamorfose, não se transformou em uma barata como li em alguns lugares no passado. O primeiro parágrafo diz claramente que Gregor Samsa acordou e descobriu que se transformara em um "inseto monstruoso", ponto.
Li quase tudo em alemão, às vezes dava um olhada na versão italiana, mas descobri que preciso melhorar muito meu vocabulário nessa última língua...

domingo, maio 18, 2008

A moveable feast - Ernest Hemingway

Graças à recomendação feita no post sobre um livro de Scott Fitzgerald, não só descobri que os livros de Ernest Hemingway da biblioteca de casa estavam sendo consumidos pelas traças, mas também li um texto gostoso.
Tinha lido pouca coisa do Hemingway, apenas O Velho e o mar e O jardim do Éden, ambos quando estava no ginásio, há muito tempo atrás.
A moveable Feast (o título parece ter sido traduzido como Paris é uma festa em português) é uma obra póstuma (como O jardim do Éden) e contém as memórias de Hemingway no começo de sua carreira como escritor em Paris. Nelas, ele conta sua vida com Hadley, sua primeira esposa, e seus encontros com figuras famosas no cenário literário da época, entre elas: Gertrude Stein, James Joyce, Ezra Pound e Scott Fitzgerald. Um dos primeiros encontros com este último, aliás, por pouco não foi o único, pois quando Fitzgerald bebia, parecia ficar insuportável.
Hemingway fala sobre a sua pobreza naquele período com nostalgia: o quarto alugado em um bairro pobre de Paris não tinha banheiro ou sala de banho e às vezes ele pulava uma refeição para economizar. Mas não era bem a idéia de pobreza que conhecemos, pois os Hemingway não abriam mão de ter uma empregada para cuidar do filho e sempre que economizavam algo, passavam férias em algum lugar na Europa.
Devia ser bom ser um escritor promissor em Paris no começo do século passado, entrar em cafés onde havia sempre um conhecido disposto a pagar um bebida, escutar os garçons perguntarem se o trabalho tinha sido bom naquele dia, observar os pescadores ao longo dos rios, acreditar no próprio talento e, mesmo que ele ainda não fosse reconhecido, sentir que a vida ainda era boa...
Eis o começo de um dos capítulos:

“Quando a primavera chegava, mesmo a falsa primavera, não havia problemas exceto o de onde ser mais feliz. A única coisa que poderia estragar um dia eram as pessoas, e se você pudesse evitar compromissos, cada dia era ilimitado. As pessoas eram sempre as limitadoras da felicidade, com exceção daquelas poucas que eram tão boas quanto a própria primavera.”