sexta-feira, dezembro 28, 2007

Diary of a bad year - Coetzee

Coetzee veio para a Flip e leu trechos deste livro para o público. Não sei se o público gostou, pelo o que li, a recepção não foi lá muito calorosa.
O livro não é um romance, mas consiste de vários ensaios sobre as opiniões do autor sobre política, arte e de suas experiências como escritor. Cada página é divida em três pedaços, acima ficam os ensaios e abaixo está o "diário" propriamente dito. Um trecho é escrito pelo autor dos ensaios, o Sr. C, e o outro por Anya, uma garota que mora no mesmo prédio do autor e que ele contrata para datilografar os seus textos. O espaço destinado a Anya e ao Sr. C serve para que ambos expressem suas críticas aos ensaios da parte superior e dão um ar mais pessoal à obra.
A primeira parte do livro, aquela que trata mais de política e do mundo, é um pouco tediosa (como Anya mesmo diz ao autor), mas a segunda parte, composta de pequenos ensaios sobre o dia a dia e as experiências do autor, é quase confessional. Gostei bastante do livro, dá para confirmar que há muito de Coetzee em Elizabeth Costello, um tipo de alter ego do escritor, mas aqui ele fala em primeira pessoa. Talvez a única coisa um pouco desagradável seja ter que ler o ensaio inteiro e depois voltar para ler os dois pedaços abaixo dele, mas eles são curtos e rápidos. Eis um trecho:

"Leio o trabalho de outros escritores, leio as passagens de densa descrição que eles compõem com grande esmero e trabalho com o propósito de evocar espetáculos imaginários diante do olho interno, e meu coração vai a pique. Eu nunca fui muito bom em evocar o real, e tenho ainda menos estômago para a tarefa agora. A verdade é: eu nunca derivei muito prazer no mundo visível, não sinto com grande convicção a necessidade de recriá-lo com palavras."

Sobre a vida escrita

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Life and times of Michael K.

Se o Daniel perguntasse qual o melhor livro que li nestes últimos dias, diria que foi Life and Times of Michael K. do J.M. Coetzee. Tenho fases de leitura e às vezes leio vários livros de um mesmo autor um atrás do outro. Atualmente é o Coetzee, um autor sul-africano que mora na Austrália. O livro em questão foi publicado em 1983, vinte anos antes dele ganhar o Nobel, mas é muito bom! Comecei a ler Coetzee começando com Disgrace, provavelmente seu livro mais aclamado, e continuei com suas obras mais recentes (Elizabeth Costello, Master of Petersburg, Slow Man), agora faço o caminho inverso (antes de seguir com esse projeto, entretanto, lerei Diary of a bad year).
Life and Times of Michael K. conta a história de Michael, filho de uma empregada doméstica que nasceu com lábios leporinos e algum retardo mental. Ele cresce em uma instituição para portadores de deficiência, entra para o serviço público e vira jardineiro na cidade do Cabo. Ele está com trinta anos, sua mãe está doente e a África do Sul está em guerra. É nesse cenário que Michael parte carregando sua mãe em uma carriola improvisada em direção ao interior do país. A viagem é árdua, sua mãe morre no caminho, mas Michael prossegue em uma viagem marcada por suas estadas escondido na estepe ou nas montanhas, alimentando-se de insetos, pequenos animais e raízes, e passagens por campos de trabalhadores e hospitais. Michael é um personagem tocante, como alguém descreve bem, ele é um ser original, que vive alheio à guerra, sem preocupações maiores do que observar as coisas ao seu redor de forma impassível.
Eis como o próprio Michael descreve sua vida:

"Em todos os lugares para onde vou, há pessoas esperando executar suas formas de caridade em mim. Todos esses anos e eu ainda trago o ar de um órfão. Elas tratam-me como as crianças de Jakkalsdrif que estão preparadas a alimentar porque ainda são muito jovens para ser culpadas de qualquer coisa. Em troca, elas esperam apenas um gaguejo de agradecimento das crianças. De mim, elas esperam mais, porque estive mais tempo no mundo. Elas desejam que eu abra meu coração e conte a história de uma vida vivida em jaulas. Elas querem ouvir sobre todas as jaulas nas quais vivi como se eu fosse um papagaio, ou um rato, ou um macaco. E se eu tivesse aprendido a contar histórias em Huis Norenius ao invés de descascar batatas e a fazer somas, se tivessem feito com que praticasse a história da minha vida todos os dias, vigiando-me com uma vara até que eu conseguisse fazer isso sem cometer erros, eu poderia satisfazê-las. Eu teria contado a história de uma vida em prisões nas quais eu permanecia dia após dia, ano após ano, com a testa contra a grade com os olhos perdidos na distância, sonhando com experiências que nunca teria, onde os guardas xingavam-me e chutavam meu traseiro e mandavam-me esfregar o chão. Quando minha história terminasse, as pessoas balançariam a cabeça, teriam pena, sentiriam raiva e ofereceriam comida e bebida; as mulheres me levariam para suas camas e me acalentariam no escuro. Entretanto, a verdade é que seu fui um jardineiro, primeiro para a Câmara, depois para mim mesmo, e jardineiros passam seu tempo com o nariz no chão."


domingo, dezembro 09, 2007

Dedicatória

A Mary com certeza ficaria surpresa em saber que o livro que ela deu para seu pai veio parar aqui no Brasil...

domingo, dezembro 02, 2007

Meme cultural

Vi o meme no blog da Maria Helena e tive que responder!

Último livro comprado

Apesar de gostar de ler, não costumo comprar muitos livros, quer dizer, raramente compro livros e quando compro, geralmente são dicionários ou livros de gramática de línguas estrangeiras (minhas últimas aquisições foram livros de verbos espanhóis e italianos), sou mais prática nesse aspecto. A compra de literatura cabe ao O.

Estou lendo agora

The naked heart: The bourgeois experience, Victoria to Freud do Peter Gay.

Der Prozess, Franz Kafka. ("Lendo" é maneira de dizer, pois vou devagar quase parando, cansa ficar procurando palavras no dicionário. Na verdade é uma releitura para praticar o alemão.)

Les mille et une nuits, estou no segundo volume, também devagar, após umas mil e quinhentas páginas, meu pique diminuiu.


Número de livros que tenho


Como não compro, tenho bem poucos livros MEUS, mas a biblioteca do O. é suficientemente grande para que eu deteste a época em que preciso limpá-la. (O. adora ter livros e também é um leitor voraz e ciumento, daqueles que não emprestam e não vendem para ninguém, nem mesmo membros da família, acho que eu fui a única exceção à regra e por isso tivemos que nos casar.)


Três livros que significam muito para mim

Os colegas da Lygia Bojunga Nunes, Contos do Andersen, O país das Neves (Kawabata)


Últimos filmes que vi


No cinema: Acho que foi Sin City (como podem perceber, não vou muito ao cinema...)
Na tv: Elsa e Fred, uma graça de filme.

Filmes que significam muito para mim


Imensidão Azul (Luc Besson); O pássaro azul (Walter Lang); (ops, quanto azul!); Comer, beber, viver (Ang Lee); A excêntrica família de Antônia (Gorris), Rapsódia em agosto (Kurosawa), O casamento de Muriel (Hogan).


Último cd que comprei


Quando foi que comprei meu último cd? Não me lembro... Acho que foi uma coletânea de música cubana...

Música que estou ouvindo agora


Eleni Mandell
e Edith Piaf

Três músicas que significaram muito para mim

Faroeste caboclo (Legião), Champagne Supernova (Oasis), Non, je ne regrette rien (Piaf)

Bebida Favorita

Água

Personagem favorita

A Jô de "Pequenas Mulheres" da Louisa May Alcott.

Férias favoritas

São Sebastião (litoral norte de SP) na casa de uma tia quando era criança.

Vício favorito

Doces

Aqui fica o meme para quem quiser responder!


Dica

Estou animada para ler em alemão, não que tenha me tornado assim fluente, mas estou melhorando. Peguei os livros da foto na escola , eles foram doados e na hora do intervalo no sábado passado, havia um monte à disposição dos alunos, era escolher, pegar e levar. Não havia muitas obras de autores alemães, mas consegui encontrar alguma coisa. Chegando em casa, coloquei os volumes dentro de um saco tipo ziplock e deixei no freezer de um dia para o outro, esse é um bom procedimento para matar traças e carunchos e uma boa prática caso você goste de comprar livros em sebos e tema uma infestação na sua biblioteca. Não me lembro onde aprendi isso, sei que li em algum lugar, mas a idéia é ótima.