quarta-feira, agosto 29, 2007

A primeira Lady Chatterley - D. H. Lawrence

Meu primeiro encontro com D.H. Lawrence. O romance O amante de Lady Chatterley é famoso pelas suas cenas de sexo e pela linguagem considerada obscena, mas é preciso notar que há três versões muito diferentes da história e a última, revisada e levada à publicação pelo autor, é aquela responsável por essa fama do romance. Eu não conhecia esses detalhes e peguei a versão que encontrei em inglês, pois prefiro ler na língua original quando possível.
A Primeira Lady Chatterley conta a história de Connie, casada com Clifford Chatterley, um aristocrata que perdeu o movimento das pernas durante a guerra, e seu romance com um dos empregados da propriedade, Oliver Parkin. Ela procura este último com a intenção de satisfazer as necessidades sexuais que Clifford não é mais capaz de atender, mas apesar de tudo começar com um desejo físico, aos poucos Connie começa a ver um outro lado de Oliver que, de certa forma, desarma-a. O relacionamento envolve muitas dificuldades, ele faz parte da classe trabalhadora, ela é uma lady, e isso gera conflitos entre os dois amantes. Mesmo a linguagem de Oliver é algo que o separa do mundo de Connie.
Li que Lawrence pretendia dar o título de Ternura para o livro, creio que seria um bom título, ao menos para esta versão do romance. A descrição do relacionamento entre Connie e Oliver e de seus conflitos é muito terna e vívida. Acho que não lerei a última versão, gostei demais desta aqui.

terça-feira, agosto 21, 2007

Um trecho de "Proust contra Saint-Beuve"

"Cada dia dou menos valor à inteligência. Cada dia eu me rendo mais conta de que é apenas em seu exterior que o escritor pode reencontrar algo de nossas impressões, quer dizer, atingir algo de si mesmo e a única matéria da arte. Aquilo que a inteligência nos fornece sob o nome de passado, não é o passado. Na realidade, como acontece com a alma dos mortos em certas lendas populares, cada hora de nossa vida, assim que morre, encarna-se e esconde-se em algum objeto material. Ela permanece aprisionada ali dentro, aprisionada para sempre, a menos que reencontremos tal objeto. Por meio dele, nós a reconhecemos, nós a chamamos e ela é libertada. O objeto no qual ela se esconde - ou a sensação, pois todo objeto em relação a nós é sensação - , pode jamais ser encontrado por nós. E assim, há horas de nossa vida que nunca mais ressuscitarão. Pois esse objeto é tão pequeno, tão perdido no mundo, que há poucas chances de que se encontre em nosso caminho!"

(Esse trecho explica bem o episódio da madeleine de Proust, não?)