quarta-feira, novembro 29, 2006

Italo Calvino - Hermit in Paris

Italo Calvino nasceu em Havana, Cuba, filho de um pesquisador de agronomia e de uma pesquisadora de botânica, e cresceu em San Remo, na Italia, terra natal de seus pais. Os textos autobiográficos de Calvino repetem mais ou menos isso: eles contam como foi crescer em San Remo, falam sobre seu engajamento no partido comunista, sua luta contra o fascismo e sua entrada no mundo das letras. Apenas seu primeiro texto, sob a forma de cartas, é um pouco diferente, ele conta sua estadia em Nova York, patrocionada por uma bolsa da Fundação Ford.

Li o livro em inglês, mas ele já foi traduzido para o português pela Cia das Letras. Ele é feito de uma série de pequenos textos escritos por Calvino, quase pequenas notas. Minha opinião sobre o autor é um pouco ambígua, acho seu livro, "As cidades invisíveis", maravilhoso, de uma beleza onírica, mas nunca consegui continuar lendo suas outras obras após uma ou duas páginas. Deve ser minha falha. Mas se não gosto tanto assim do autor, por que li seus textos autobiográficos? Devo andar em uma fase em que acho as vidas das pessoas mais ricas do que as ficções, talvez até mais interessantes, porque são reais. Preciso de um pouco de realidade agora. Deve ser isso...

Esta é a resposta dada por Calvino ao New York Time Books Review quando lhe perguntaram qual personagem de um romance ou obra de não ficção ele desejaria ser:

"Eu gostaria de ser Mercúcio. Entre suas virtudes, admiro, acima de tudo, a sua leveza em um mundo cheio de brutalidade, sua imaginação sonhadora - como o poeta da Rainha Mab - e, ao mesmo tempo, sua sabedoria, como a voz da razão em meio ao ódio fanático dos Capuletos e Montagues. Ele se mantém fiel aos velhos códigos de cavalheirismo ao preço de sua vida talvez apenas em nome do estilo, mas ainda é um homem moderno, cético e irônico: um Dom Quixote que sabe muito bem o que são os sonhos e o que é a realidade, e vive ambos com os olhos abertos."

terça-feira, novembro 07, 2006

Piauí

(Meu primeiro artigo neste blog não é exatamente sobre um livro... Gomen, Miki!)

Concepção do cineasta João Moreira Salles em parceira com a Cia das Letras, a revista Piauí é uma mistura das revistas "New Yorker" (de temas brasileiros) com "Caros Amigos". Meu marido assinou a revista "Men's Health", que conhecíamos na versão em inglês e de que gostávamos muito, (no plural, pois a revista é interessante também para as mulheres, ao menos para mim, que acho as revistas femininas totalmente alienantes) e colocou a Piauí no seu pacote de assinatura. A revista tem contos, críticas, história e quadrinhos, a equipe é composta de profissionais da área de jornalismo e escritores.
Gostei, este primeiro número traz um artigo interessante sobre o terrível mundo do telemarketing, terrível para nós, que somos bombardeados com ligações nas horas mais inconvenientes, e para os coitados que fazem as ligações, decoram textos e recebem "vales coxinhas" e tem os minutos de banheiro contados pelos seus supervisores.
Outro artigo interessante é o de uma jornalista, Cecília Gianetti, que conta suas aventuras e desventuras de brasileira ilegal nos EUA. Acho que me identifiquei com seu motivo para ir embora do Brasil, ela escreve que "ninguém deve achar normal viver num lugar onde a violência é encarada como algo corriqueiro", vocês não concordam?
Espero que a revista mantenha o fôlego.