Milan Kundera é o autor de vários romances em Tcheco e em francês, entre eles, "A insustentável leveza do ser", que foi filmado. The Curtain é um livro de ensaios sobre a literatura do ponto de vista do autor. Neles, Kundera fala da relação de suas experiências como um emigrado tcheco em outro país, no caso, a França, e a sua obra, bem como da relação da obra de vários de seus autores favoritos (Rabelais, Cervantes, Fielding, Flaubert, Tolstoy, Hermann Broch, Franz Kafka, entre outros) com a sociedade em que vivem. A forma como cada um deles conta uma história, como ela se torna bem sucedida e completa em si mesma, sobre o que cada uma delas nos traz, também são tópicos abordados.
Apesar dele não negar suas origens e trazer a Tchecoslováquia em seu sangue e em sua memória, ele parece detestar quando as pessoas o definem como "o exilado tcheco", de fato, é uma generalização e, como qualquer generalização, ela é empobrecedora. Questões pessoais do autor à parte, os ensaios são bem variados, alguns são brilhantes, outros, nem tanto.
Adoro ler o que os escritores têm a dizer sobre a literatura e sobre os autores de que gostam, acho que é algo muito mais enriquecedor do que ler obras de teoria literária que, como Kundera diz, costumam propagar banalidades.
Apesar dele não negar suas origens e trazer a Tchecoslováquia em seu sangue e em sua memória, ele parece detestar quando as pessoas o definem como "o exilado tcheco", de fato, é uma generalização e, como qualquer generalização, ela é empobrecedora. Questões pessoais do autor à parte, os ensaios são bem variados, alguns são brilhantes, outros, nem tanto.
Adoro ler o que os escritores têm a dizer sobre a literatura e sobre os autores de que gostam, acho que é algo muito mais enriquecedor do que ler obras de teoria literária que, como Kundera diz, costumam propagar banalidades.
4 comentários:
Zigmunt Baumann, em Identidade, conta que ao receber um determinado prêmio acadêmico, fica sem saber que hino colocar na solenidade. Não deve colocar o hino de seu país de origem, porque não se considera mais cidadão de lá, tampouco colocará, mesmo após tantos anos, o hino do país onde mora, onde sempre é apontado como estrangeiro. Termina escolhendo o hino da União Européia. Mas mostra também como é difícil a relação de um exilado com sua cidadania. Ele começa o livro contando essa história para exemplificar o problema do que ele chama de "modernidade líquida". É um livrinho pequeno, da Editora Jorge Zahar, bastante interessante. Gostaria de ter sido capaz de fazer um comentário mais poético, porque acho a questão doída para essas pessoas, mas sou capaz de escrever agora apenas esse texto informativo. Kundera acha que é um rótulo empobrecedor, mas eu também me ressentiria muito de "esfumaçar" minha identidade cultural, de ficar flutuando e no final não ser coisa ou outra integralmente. Mas, nos das de hoje, o que é definido, o que é sólido? (sem querer fazer apologia a Marx!!! Risos...)
PS: Era só um comentário, viu? É que me lembrei do "causo" e sou mineira, sabe como é... :)
Karen, a única obra que li do Kundera foi 'A insustentável...' mesmo e faz muito, muito tempo. Eu nem sequer sabia que ele vivia na França, olha só que ignorante!
O que eu amo nos livros é a possibilidade de se conhecer um pouco da cultura de outros países, como parece ser o caso de Kundera. Ainda mais para alguém como eu que nunca conseguiu entender História e Geografia na escola...
Beijinhos, Miki
Maria Helena, eu adoro "causos", rs.
A situação das pessoas que deixam seu país e vivem em um "mundo flutuante" é mesmo complicada. Eu também me sentiria mal se apontassem para mim e dissessem "é a brasileira", a identidade de uma pessoa sempre é muito mais do que um rótulo.
Miki, concordo com você, livros são enriquecedores! (Minha história e geografia também deixam a desejar!)
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