Depois de Tender is the night, The great Gatsby.
F. Scott Fitzgerald é um grande escritor, gosto da forma como ele descreve as cenas, elas são de grande beleza plástica, romântica, melancólica. A sensação que tenho enquanto leio seus livros é semelhante àquela que experimento quando uma festa acaba.
Gatsby é o rapaz pobre que constrói uma fortuna usando meios escusos. Ele tem uma bela casa onde dá festas concorridas quase todas as noites e parece ter uma vida invejável, entretanto, a única coisa que deseja é reconquistar uma paixão de juventude. Bela e triste história.
segunda-feira, abril 28, 2008
The great Gatsby - F. Scott Fitzgerald
sábado, abril 19, 2008
Les Somnambules - Hermann Broch
O romance é bem triste. Cada um dos personagens representa um momento histórico, filosófico e moral do período. Pasenow é aquele que procura observar as crenças morais da sociedade e das instituições; Esch já não é capaz de fazer isso como desejaria e por isso vive em conflito e, por fim, Huguenau é aquele que não se importa com a moralidade ou ideais, ele é o homem totalmente racional e sem fidelidades, o capitalista preocupado com seu próprio bem-estar e, por isso mesmo, o mais perigoso de todos, como mostra o desenlace da história.
Broch narra a corrupção dos valores, a decadência progressiva de uma época. Livros que tratam de longos períodos de tempo ou que narram a história de gerações de uma família parecem ser sempre pessimistas, há sempre uma degradação. Algo muito humano, não é mesmo? Visto que nós temos o hábito de olhar para o passado com nostalgia e, não raro, dizemos que aqueles sim, eram bons tempos!
quinta-feira, abril 10, 2008
The three cornered world - Natsume Soseki
Outro livro de Natsume Soseki. Muito bonito. A história é bem singela e narra as impressões de um artista que viaja até uma estação termal onde se hospeda em um pequeno hotel e os seus encontros com a filha do proprietário do lugar, O-nani, uma mulher com personalidade forte e um passado marcado por uma relação amorosa triste.
Apesar da Guerra da Manchúria ser mencionada e estar bem presente no final da história, é um dos livros mais “otimistas” de Soseki que li.
O personagem principal deve ser o ideal de artista do autor, ele é descompromissado, um andarilho em busca de inspiração que vive segundo o adágio do “Carpe Diem”, muito diferente do próprio Soseki que tinha uma vida mais complicada e atormentada por questões financeiras e conjugais.
O nome do livro em japonês (“Kusa Makura”) daria algo como “Travesseiros de relva” (como foi mantido em francês), mas o tradutor para o inglês preferiu usar uma expressão encontrada no texto, não tenho nada contra a sua decisão, mas que a expressão original era mais bonita, ah, isso era!
Eis alguns dos primeiros parágrafos, a profissão de fé do protagonista:
“Enquanto subia a trilha da montanha, comecei a refletir.
Aborde tudo racionalmente e você se tornará duro. Deixe-se levar pelo fluxo das emoções e será arrastado com a corrente. Dê rédeas aos seus desejos e você se sentirá desconfortavelmente confinado. Este nosso mundo não é um lugar muito agradável para se viver.
Quando o desconforto aumenta, você ficará inclinado a se mudar para um lugar onde a vida seja mais fácil. É somente quando percebe que ela não será mais agradável independente da altura que atinja que um poema pode nascer ou uma pintura pode ser criada.
A criação deste mundo não é o trabalho de um deus ou de um demônio, mas das pessoas comuns ao nosso redor, aqueles que vivem do outro lado da rua, ou ao nosso lado, movendo-se enquanto ocupam-se com seus afazeres cotidianos. Você pode achar que este mundo criado por pessoas comuns é um lugar horrível para se viver, mas para onde mais poderíamos ir? Mesmo que houvesse outro lugar, só poderia ser um lugar fora da esfera humana, e quem pode dizer se não seria um mundo ainda pior do que este?
Não há como escapar deste mundo. Portanto, se você acha a vida difícil, não há o que fazer além de procurar manter-se o mais calmo possível durante os períodos desagradáveis, mesmo que o consiga por períodos bem curtos, e assim tornar a breve duração da existência suportável. É aqui que a vocação do artista começa a existir, é aqui que o pintor recebe a incumbência divina. Agradeça aos céus por todos aqueles que, pelos meios tortuosos de sua arte, trazem tranqüilidade para o mundo e enriquecem os corações dos homens.
Despoje o mundo de todos aqueles cuidados e preocupações que o tornam um lugar desagradável para se viver e, ao invés dele, imagine um mundo de graciosidade. Agora você possui música, uma pintura, ou poema, ou escultura. Iria além e diria que não é necessário transformar essa visão em realidade. Apenas invoque essa imagem na frente de seus olhos e a poesia irá brilhar e canções irão fluir. Antes de passar seus pensamentos para o papel, você deve sentir o cristal retinir como um pequeno sino e elevar-se em seu interior, toda a gama de cores irá, por si só, gravar-se no olho de sua mente com todo o seu brilho, embora a tela permaneça intocada em seu cavalete. É suficiente que você seja capaz de adotar essa forma de considerar a vida e ver este mundo decadente, sujo e vulgar, purificado e belo na câmera de sua alma. Mesmo o poeta cujos pensamentos nunca foram expressos em um único verso, ou o pintor que não possui tintas e nunca pintou sequer um pedaço de tela, pode obter a salvação e libertar-se dos desejos e paixões terrenos. Eles podem entrar em um mundo de imaculada pureza quando quiserem e, desfazendo-se do jugo da avareza e do egoísmo, são capazes de construir um universo inigualável. Por isso, eles são mais felizes do que os ricos e famosos, do que qualquer senhor ou príncipe que já viveu, mais felizes do que todos aqueles para os quais este mundo vulgar prodigaliza suas afeições.”
quinta-feira, abril 03, 2008
The guiltless - Hermann Broch
Outra vez foi o Milan Kundera quem me conduziu até um autor, agora, Hermann Broch, filho de judeus austríacos que foi educado para administrar a indústria têxtil da família, mas que no final deixou tudo para estudar filosofia e matemática e viver como escritor, e um grande escritor, diga-se de passagem. Comecei pelo seu livro mais fino (não que isso fosse o critério para a escolha) para ter uma idéia de seu estilo. Também tenho a versão em alemão que peguei no ano passado quando a escola doou alguns livros. A idéia era ler o original e comparar com a versão em inglês, mas a história estava tão interessante e o método era tão lento que acabei desistindo e lendo em alemão mesmo.
Como o autor explica, o livro foi baseado em alguns contos que ele havia escrito e aos quais foram juntados outros para criar uma única história. Ela narra o encontro e o relacionamento de algumas pessoas na Europa antes da segunda Guerra. Segundo Hermann Broch, sua intenção era mostrar como a indiferença de personagens como Andréas, seu protagonista, foi um dos fatores que agravaram a situação da Alemanha. Os “inocentes” do título são aqueles que se negaram a assumir a culpa pela deterioração dos valores na Europa e limitaram-se a viver de forma indolente na esfera de seu universo particular. Entretanto, todos os personagens - a velha baronesa, sua filha, Zerline, a empregada e o próprio Andréas - pagam preços altos por sua indiferença, todos vivem, ironicamente, carregando o fardo de suas ações.
Este é um trecho da confissão de culpa feita por Andréas quase no final do livro:
“Indiferente ao sofrimento alheio, indiferente ao nosso destino, indiferente ao Eu no homem, à sua alma. Conseqüentemente, torna-se uma questão de indiferença quem é arrastado para o local de execução primeiro. Você hoje, eu amanhã.”
Terrível, não?